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Conheça Peruíbe
Conheça Peruíbe
Introdução à História de Peruíbe

A Carta régia datada em Castro Verde aos 20 de novembro de 1530 assinada por D. João III, décimo-quinto rei de Portugal e sexto da dinastia de Avis, cognominado O Piedoso, confere a Martin Afonso de Souza faculdade para conceder terras às pessoas que o acompanhassem, e que fossem morar nas terras que ele descobrisse.


João III Martim Afonso de Sousa e seu comandante de esquadra Pedro Martins Namorado, estabeleceram os fundamentos da povoação de Itanhaém entre os rios Itanhaém e Peruíbe, cujas terras eram exploradas por Pero Correa, que solicitou a carta de confirmação a Gonçalo Monteiro, pois sua carta, a qual estava registrada no livro do tombo, caíra no mar, assim sendo pediu além das confrontações, que no dito livro do tombo estavam, que lhe mandasse passar nova carta das ditas terras dadas onde chamavam Perohybe, mais uma ilha de três defronte da dita terra de Perohybe para aposentamento de carga e descarga das naus.


Perohybe, convém saber foi aldeia dos índios, indo da vila de S. Vicente para a aldeia, Perohybe começa a partir de um regato que está aquém da aldeia, chamada em língua dos índios Tapyjramma, e se estende até o rio grande chamado Guaraype, na língua portuguesa Santa Catharina.

 

Aos 25 de Maio de 1542 as terras foram confirmadas para Pero Corrêa, e mais a dita ilha, pelo escrivão Antonio de Oliveira, capitão, que apresentou à Câmara e ao povo da Vila de S. Vicente o instrumento público de poder e procuração, feito em Lisboa aos 16 dias do mês de Outubro de 1538, pelo tabelião Antonio do Amaral, procurador da Sra. Anna Pimentel e do Governador, com poder de substabelecer Antonio de Oliveira por procurador em nome de ambos, capitão e ouvidor com alçada em toda Capitania.

 

Pedro Corrêa nobre dos Corrêas de Portugal foi o mais poderoso dos moradores da Capitania de S. Vicente. Gastou muitos anos de sua vida acomodando-se ao modo de viver do lugar, salteando e cativando índios por mar e por terra, enriquecendo sua casa.

 

D. João III abriu o Novo Mundo à expansão missionária enviando o seu governador. Na comitiva deste seguiram os jesuítas Manuel da Nóbrega, Leonardo Nunes, João de Azpilcueta Navarro e António Pires, e com Duarte Costa desembarcaram novos apóstolos. Entre todos se distinguiu o padre José de Anchieta, cuja obra missionária o tornou conhecido no Mundo. Pregando, ensinando, moralizando, eles foram os propagadores da civilização portuguesa e cristã em todo o Brasil e deste modo os primeiros obreiros da civilização brasileira.

 

Em 1549 o padre Leonardo Nunes (Abarebebê) converteu Pedro Corrêa. Arrependido foi insigne o zelo com que tratou os índios dali em diante, padecendo pela liberdade de seus corpos e vida de suas almas, fomes, sedes, frios, calmas, malquerenças, perigos de mar e da terra, e todo o gênero de trabalhos. Foi ouvido dizer muitas vezes que não poderia alcançar perdão dos grandes males que tinha obrado contra os Brazis senão empregando-se todo em seu serviço até morrer. Assim o cumpriu, por cinco anos que lhe restaram de vida.

 

A conversão de Pero Corrêa em 1552- Mural da Igreja de Santa Cecília, São Paulo
A cena ao lado aconteceu na praia do Guarahú, em frente a Ilha Grande. O famoso aventureiro caçador de índios ouve o padre Leonardo Nunes, arrepende-se de seus crimes, liberta os índios, entrega todos os seus bens à Companhia de Jesus e torna-se também missionário.

 

Os homens de Pero Correa, com a ajuda dos índios, construíram uma pequena igreja dedicada a Nossa Senhora da Conceição sobre uma elevação próxima à praia. Esta aldeia e Capela não foi, como se suporia, uma Capela sem importância como tantas outras de existência efêmera que primeiros cristãos no Brasil fundaram pelo sertão e litoral. Era uma igreja de boas proporções, onde os padres doutrinavam os gentios.

 

O Colégio São João Batista foi erguido em um pequeno outeiro, a um quilometro da praia, com paredes e pedra e cal, formando a Igreja e Colégio dos padres. Até o século XIX notava-se vestígios da ladeira em degraus que ia ter no átrio da igreja; a porta de entrada e fachada do edifício voltados para o nascente e dominando a praia; o púlpito, a pia batismal de pedra em um postigo encravada na parede; o lugar de dois altares colaterais e a abertura do arco-cruzeiro que dava acesso à capela-mor. Em 1554 José de Anchieta passa por Peruíbe e a igreja já estava pronta.

 

Em 1584, na Bahia, relata em carta que "Ao longo da praia, na terra firme, nove ou dez léguas da Vila de São Vicente para o sul, tem uma vila chamada Itanhaém de portugueses, junto dela, da outra banda do rio, com uma, tem duas pequenas aldeias de índios cristãos. Nesta vila tem uma igreja de pedra e cal na qual se reedificou, e a de Conceição de Nossa Senhora.


Tela de Benedito Calixto (1914) Ao lado Anchieta promove a catequese dos índios tupis e tapuias. Ele batizou os primeiros índios catequizados, dentre elas Antônia, bisneta de Piqueroby, o célebre maioral de Ururahy.

A pia batismal da Igreja do Abarebebê atualmente encontra-se no Museu Paulista (Museu do Ipiranga) em São Paulo, o restante dos paramentos estão em Itanhaém e a imagem de Nossa Senhora foi entregue para a diocese de São Vicente.

Não sobreviveu muito tempo Pedro Corrêa ao ato de desinteresse e dedicação à causa da religião, porque ele e seus companheiros João de Sousa e Fabiano foram assassinados pelos índios Tupis e Carijós nos sertões de Cananéia, em setembro de 1554, quando para ali partiram de Piratininga, em agosto do mesmo ano, sendo vítimas, segundo refere o padre Simão de Vasconcelos em sua Crônica, do ódio de um castelhano que fora por eles repreendido pela escandalosa mancebia em que vivia com uma índia.

 

Em 20 de março de 1553, Pedro Corrêa doou as terras ao colégio da Companhia de Jesus de São Vicente, por escritura que declara que tinha sido um dos fundadores do dito colégio. Com essa doação a praia de Tapirema torna-se um reduto jesuítico onde os índios eram protegidos e estavam em segurança.

Desenvolvimento de Peruíbe

As Aldeias Missionárias eram aldeamentos criados para catequizar e civilizar o índio em seu próprio ambiente e deram origem a vários povoados, mais tarde vilas e cidades. Os portugueses conheciam exaustivamente a costa brasileira, no mapa (1553) interpretativo do quinhentismo é possível notar com clareza as aldeias. [...]


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